Lya Luft
È
muito mais do que doar agasalhos ou alimentos para instituições. Mas... O que é
ser solidário? Onde deve começar este aprendizado? O texto a seguir aborda
essas questões, é um chamamento para a ação (que pode estar bem ao seu
alcance).
O
gesto não precisa ser grandioso nem público, não é necessário pertencer a uma
ONG ou fazer uma campanha. Sobretudo, convém não aparecer.
O
gesto primeiro devia ser natural, e não decorrer de nenhum lema ou imposição,
nem convite nem sugestão vinda de fora. Assim devíamos ser habitualmente, e não
somos, ou geralmente não somos: cuidar do que está do nosso lado.
Cuidar
não só na doença ou na pobreza mas no cotidiano, em que tantas vezes falta a
delicadeza, a gentileza, a compreensão; esquecidos os pequenos rituais de respeito,
de preservação do mistério, e igualmente da superação das barreiras estéreis
entre pessoas da mesma casa, da família, das amizades mais próximas. Dentro de
casa, onde tudo deveria começar, onde se deveria fazer todo dia o aprendizado
do belo, do generoso, do delicado, do respeitoso, do agradável e do acolhedor,
mal passamos, correndo, tangidos pelas obrigações.
Tão
fácil atualmente desculpar-se com a pressa: o trânsito, o patrão, o banco, a
conta, a hora extra... Tudo isso é real, tudo isso acontece e nos enreda e nos
paralisa.
Mas,
por outro lado, se a gente parasse (mas parar pra pensar pode ser tão
ameaçador...) e fizesse um pequeno cálculo, talvez metade ou boa parte desses
deveres aparecesse como supérfluo, frívolo, dispensável.
Uma
hora a mais em casa não para se trancar no quarto, mas para conviver. Não com
obrigação, sermos felizes com hora marcada e prazo pra terminar, mas promover
desde sempre a casa como o lugar do encontro, não da passagem; a mesa como
lugar do diálogo, não do engolir quieto e apressado; o quarto como o lugar do
afeto, não do cansaço.
Pois
se ainda não começamos a ser solidários dentro de nós mesmos e dentro de nossa
casa ou do nosso círculo de amigos, como querer fazer campanhas, como pretender
desfraldar bandeiras, como desejar salvar o mundo - se estamos perdidos no
nosso cotidiano? Como dizer a palavra certa se estamos mudos, como escutar se
estamos surdos, como abraçar se estamos congelados?
Para
mim, a solidariedade precisa ser antes de tudo o aprendizado da humanidade
pessoal. Depois de sermos gente, podemos - e devemos - sair dos muros e tentar
melhorar o mundo. Que anda tão, tão precisado.
Refletindo o texto
01 - Lya Luft inicia sua fala
opondo-se a alguns gestos de solidariedade.
a) A quais gestos ela se opõe?
b) Para a autora, como, realmente, deve ser o gesto de solidariedade?
02 - De acordo com o texto, o aprendizado da solidariedade deveria começar dentro de casa.
a) Explique essa afirmação
b) Como deve ser a casa para que aconteça esse aprendizado?
03 - No último parágrafo do texto, com uma linguagem direta e simples, Lya Luft reafirma seu ponto de vista sobre o caminho da solidariedade. Releia-o e responda:
- Que palavra, no trecho, sintetiza a ideia de solidariedade, de humanidade?
a) A quais gestos ela se opõe?
b) Para a autora, como, realmente, deve ser o gesto de solidariedade?
02 - De acordo com o texto, o aprendizado da solidariedade deveria começar dentro de casa.
a) Explique essa afirmação
b) Como deve ser a casa para que aconteça esse aprendizado?
03 - No último parágrafo do texto, com uma linguagem direta e simples, Lya Luft reafirma seu ponto de vista sobre o caminho da solidariedade. Releia-o e responda:
- Que palavra, no trecho, sintetiza a ideia de solidariedade, de humanidade?
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